O assédio ideológico praticado por professores
em escolas foi tema de audiência pública na Comissão de Educação da Câmara. A
comissão vem recebendo denúncias de que estudantes vêm sendo doutrinados
ideologicamente por professores em sala de aula e já existem duas propostas
sobre o tema que tramitam na Casa. A comissão recebeu seis convidados, três a
favor e três contra medidas que impeçam o assédio nas escolas, como explica o
autor de uma das propostas (PL 1411/15), deputado Rogério Marinho, do PSDB do
Rio Grande do Norte.
"A criança, o jovem, ele é a parte fraca
da relação aluno/professor. Imagine que um posicionamento político-ideológico
do professor é contraditado por aluno em prova, ele pode inclusive perder nota.
Esse assédio que nós combatemos"
Rogério Marinho afirma que isso viola a Constituição,
mas, para o presidente da CNTE, Confederação Nacional dos Trabalhadores em
Educação, Roberto Franklin, a proposta impede que alunos e professores se
integrem para discutir problemas da própria comunidade.
"Eu pergunto: os alunos que fazem parte
ali dessa comunidade não podem ser incentivados de participar de um movimento
democrático reinvindicatório de toda a comunidade?? Isso cria uma zona de
penumba que é complicada, porque nós poderemos criar um clima de medo e isso
não é bom para a Educação."
Mas o professor da Universidade de Brasília
Bráulio Tarcísio não acredita que isso seja papel do professor dentro da sala
de aula, onde ele está apenas para ensinar sua disciplina. A deputada Alice
Portugal, do PC do B da Bahia, discorda.
"Não existe qualquer possiblidade de se
negar a relação entre escola e sociedade. A escola, senhores, só faz sentido
quando ela é integrada ao processo de transformação da sociedade."
Mesma opinião tem o professor da UnB. Erlando
RêsesProf afirma que a medida cerceia a liberdade de expressão, garantida na
Constituição e também em acordos internacionais, como a Convenção
Interamericana de Direitos Humanos. Porém, o coordenador do Movimento Escola
Sem Partido afirma que esse argumento não cabe, pois o professor precisa cumprir
suas obrigações de ensinar e a sala de aula tem regras. Ele defende proposta
(PL 867/15) em tramitação na Comissão de Educação que obriga a fixação nas
salas de aula dos "Deveres do Professor", para impedí-lo de cooptar
para correntes políticas, ideológicas e partidárias, incitar alunos a
participarem de manifestações e ainda prejudicar os alunos em razão de suas
convicções políticas, ideológicas, morais ou religiosas.
"Eu desafio qualquer pessoa a provar que
esses deveres do professor não existem. Bem, se esses deveres existem, os
estudantes têm direito de saber porque dentro da sala de aula ninguém vai poder
defender os estudantes se eles forem violados, se esses direitos que são dos
estudantes, forem violados. Tudo o que nós defendemos é que os estudantes, que
são vítimas da doutrinação política-ideológica em sala de aula, sejam
informados de direitos que eles já têm."
Miguel Nagib afirma que o Movimento Escola
Sem Partido apenas defende a aplicação em sala de aula do que já está previsto
na Constituição, como a liberdade de consciência e crença do estudante. Além
disso, ele afirma que a prática da doutrinação ideológica viola o princípio da
neutralidade política e ideológica do Estado, que não pode pode favorecer um
determinado partido. O relator da proposta, deputado Izalci, do PSDB do
Distrito Federal, afirma que retirou do texto o dispositivo que criminalizava o
assédio ideológico e deve apresentar o relatório na Comissão de Educação em
mais ou menos 15 dias. (Reportagem — Luiz Cláudio Canuto)
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