Sofrer um ataque do coração
fulminante ao fazer sexo é coisa para poucos. Nada tem a ver com eventuais
performances atléticas e fortes emoções do infartado, mas com uma tremenda
falta de sorte, do mesmo tipo de morrer vitimado por um piano em queda livre na
cabeça ou ser tostado por um raio. O primeiro estudo a analisar com rigor
científico, em grande escala, o risco de morte durante a atividade sexual
revelou que ele praticamente inexiste. Mesmo para pacientes cardíacos é
baixíssimo.
A história do cidadão morto
do coração durante o sexo habita o mundo dos mitos, afirma o médico do
exercício e do esporte Claudio Gil Araújo, um dos autores do estudo e professor
visitante sênior do Instituto do Coração da UFRJ. Isto porque sexo é
maravilhoso e essencial, mas se trata de um exercício de baixíssima
intensidade. Tanto para homens quanto para mulheres.
Os batimentos cardíacos
disparam de fato durante os momentos mais intensos, mas estes duram tão pouco
se comparados com outros exercícios que não matam ninguém do coração — ou só
alguns raríssimos desafortunados.
Se o sexo não altera os
níveis de sedentarismo de ninguém, ser ativo fisicamente melhora o desempenho
sexual.
“O sexo é essencial, e
positivo sob todos os aspectos. Mas é um exercício de baixíssima intensidade.
Mas, claro, quem está em boa forma faz sexo melhor”, observa o médico.
Um indivíduo bem
condicionado faz melhor sexo, pelo menos no que diz respeito à resistência,
força e flexibilidade. Mas alguém que faça sexo todos os dias e por muitas
horas não se torna mais atlético por isso.
Araújo e os colegas Ricardo
Stein, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e Aline Sardinha, da UFRJ,
fizeram a pesquisa para subsidiar a orientação de pacientes cardíacos.
“Muitos cardiopatas são
erroneamente orientados a não fazer sexo. Na verdade, apenas pacientes de
altíssimo risco cardíaco, e mesmo assim, muitas vezes, apenas por algum tempo,
devem evitar o intercurso sexual. Beijos e toques não são proibidos para
ninguém”, declara Araújo.
Intitulada “Atividade sexual
e pacientes cardíacos: uma perspectiva contemporânea”, a pesquisa foi publicada
na revista científica “Canadian Journal of Cardiology”. (Tribuna da Bahia)
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