Então secretário de Cultura,
Turismo e Juventude de Santo Antônio de Jesus, Everaldo Ferreira Júnior foi
exonerado do cargo nesta terça-feira (3), a pouco mais de um mês do início da
tradicional festa de São João da cidade. A demissão, até o momento imotivada,
teria viés político. É o que sustenta o agora ex-titular da pasta em entrevista
ao Bahia Notícias. De acordo com Ferreira Júnior, a gestão não aceitou a forma
como ele vinha conduzindo os preparativos para o evento. “Planejamos fazer o
São João com R$ 2,5 milhões, de um orçamento de R$ 4 milhões que temos para o
ano todo. Com essa preocupação de fazer um São João mais econômico, trouxemos a
ideia de fazer algo resgatando as raízes do São João de nossa cidade, além
também de fugir dessas denúncias e provocações do Ministério Público e de
outros órgãos. No entanto, o prefeito tem um amigo conhecido como Dadau, o
Reinaldo Mello, conhecido como uma figura folclórica que sempre faz o São João
aqui. Ele se intitula como dono do São João, mas eu não permiti que ele
interferisse. O São João é produto da secretaria de Cultura, não de uma pessoa
em específico”, relatou. Segundo o ex-secretário, o serviço de organização da
festa é “quarteirizado” para Dadau pelas empresas vencedoras da licitação, já
que ele nunca apareceria em documentos legais como produtor do evento. “Perante
as leis, Tribunal de Contas, MP, ele não é nada. Tanto que ele nem está
implicado nessa denúncia do Ministério Público”, declarou. Ainda de acordo com
Ferreira Júnior, o São João de SAJ sempre foi feito “a toque de caixa” e sua
demissão foi “retaliação a não ter pactuado com o que foi feito no passado”.
“Não houve nenhum tipo de justificativa. Hoje de manhã, o prefeito me chamou e
disse que eu seria exonerado”, afirmou. O episódio ainda gerou outra situação,
no mínimo, constrangedora. Nesta segunda (2), mesmo sem a exoneração ter sido
publicada no Diário Oficial do Município, a primeira-dama da cidade, Francineia
Silva, divulgava em seu Facebook o convite da posse da mais nova secretária,
Gilsonilda Correia Bonfim.
O São João de SAJ, antes
circunscrito aos shows realizados na Praça Renato Machado, foi parar na
Justiça. A grandiosidade da festa pode custar o mandato do prefeito Humberto
Leite (DEM). O Ministério Público da Bahia (MP-BA) requereu ao Tribunal de
Justiça da Bahia (TJ-BA) o afastamento temporário do democrata recém filiado. O
gestor foi denunciado ao órgão após investigações realizadas pelo parquet
apontarem irregularidades na contratação de atrações e da empresa que produziu
a edição de 2013 da festa. Segundo a representação assinada pelo
procurador-geral de Justiça Adjunto, Geder Luiz Rocha Gomes, e o promotor
Wilson Henrique Figueirêdo de Andrade, Leite cometeu crimes de desvio de
dinheiro público e contratações ilícitas. O MP-BA também denunciou Paulo
Roberto Ribeiro Santana, representante da empresa PWR Produções e
Eventos LTDA ME, pelos mesmos crimes. O
TJ-BA determinou no último dia 24 de abril o envio do processo ao Tribunal
Regional Eleitoral (TRE-BA). De acordo com a denúncia formulada pelo Ministério
Público, a administração municipal contratou de forma “direta e ilegal” a
empresa PWR Produções e Eventos LTDA ME pelo valor de R$ 670 mil. O parquet
ainda apontou como ilícitas as contratações dos cantores Gusttavo Lima e Adelmário
Coelho e da banda Saia Rodada para realização de shows no evento. O órgão
enxergou indícios de superfaturamento, já que a prefeitura pagou pelo cantor
sertanejo R$ 380 mil, enquanto ele foi contratado por R$ 250 mil para
apresentação no Distrito Federal. No caso do forrozeiro, a gestão municipal
desembolsou R$ 140 mil. Pelo mesmo show, a Secretaria de Turismo da Bahia
(Setur) pagou valor mais módico: R$ 80 mil. Já para o grupo de forró, a quantia
despendida foi de R$ 150 mil, enquanto a banda recebeu "apenas" R$ 50
mil por um show em Ipojuca (PE).
Na denúncia, o MP-BA
sustenta que Humberto Leite autorizou “empenhos de despesas e ordenou
pagamentos em favor da referida contratada, utilizando-se de verbas públicas,
ilícita e indevidamente, em proveito alheio no valor de R$ 763.345,00,
porquanto assim o fez lastreado em ajustes lastreados viciados pelas ardilosas
inexigibilidades”. O órgão acusa também a gestão do democrata de pagar às
atrações cachês inferiores aos estabelecidos nos contratos. Gusttavo Lima recebeu
R$ 330 mil, enquanto o acordo celebrado com a prefeitura determinava pagamento
de R$ 380 mil. No caso de Saia Rodada, foram pagos R$ 105 mil por um show que,
de acordo com o contrato, custou aos cofres R$ 150 mil. Com Adelmário Coelho,
não foi diferente: o forrozeiro embolsou R$ 100 mil por uma apresentação que,
aos olhos do contrato celebrado, deveria ter custado R$ 140 mil. O MP-BA ainda
acusa o prefeito de ter elegido “indicados particulares” e “beneficiá-los
financeiramente, impedindo, na tentativa de obter melhores contratos com a
administração”. “O gestor desobedeceu preceitos cogentes para beneficiar e
acalentar particular simpatizante, para mero facere de agenciamento de
artistas, numa ilegal terceirização”, argumentam procurador adjunto e promotor
na denúncia. Já Paulo Roberto Ribeiro Santana, é acusado também de manejar
indevidamente dinheiro público “para finalidade diversa e imprópria”. (Fonte:
Bahia Noticias)
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