O crescente número de casos
do zika vírus no Brasil e sua possível relação com o aumento do nascimento de
bebês com microcefalia têm preocupado as autoridades de saúde. Um dos
principais desafios dos órgãos de saúde na obtenção de dados confiáveis sobre
os casos da doença tem sido a dificuldade de diagnóstico.
Segundo a Organização
Pan-Americana da Saúde (Opas), braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) nas
Américas, que decretou emergência internacional em saúde pública em razão do
avanço da doença, além do vírus ser detectável somente por alguns dias no
sangue das pessoas infectadas, os sintomas de zika são muito semelhantes aos de
dengue e de chikungunya, dificultando o diagnóstico médico.
De acordo com a Fundação
Oswaldo Cruz (FioCruz), além de terem se originado na África e serem
transmitidas pelo mesmo vetor, os mosquitos da família Aedes, como o Aedes
aegypt, cuja ocorrência é registrada em quase todo o continente americano,
zika, dengue e chikungunya tem mais coisas comuns. Os sinais clínicos causados por
esses vírus são também muito parecidos. São eles: febre, dores de cabeça, dores
nas articulações, enjoo e exantema (rash cutâneo ou manchas vermelhas pelo
corpo). No entanto, existem alguns sintomas marcantes que as diferem.
Confira as diferenças entre
dengue, chikungunya e zika:
Zika
Os sintomas relacionados ao
vírus zika costumam se manifestar de maneira branda e o paciente pode,
inclusive, estar infectado e não apresentar qualquer sintoma (apenas uma em
cada quatro pessoas infectadas apresenta manifestação clínica da doença). Mas
um sinal clínico que pode aparecer logo nas primeiras 24 horas e é considerado
como uma marca da doença é o rash cutâneo e o prurido, ou seja, manchas
vermelhas na pele que provocam intensa coceira. Há, inclusive, relatos de
pacientes que têm dificuldade para dormir por conta da intensidade dessas
coceiras.
Ao contrário da dengue e da
chikungunya, o quadro de febre causado pelo zika vírus costuma ser mais baixo e
as dores nas articulações mais leves. A doença ainda traz como sintomas a
hiperemia conjuntival (irritação que deixa os olhos vermelhos, mas sem secreção
e sem coceira), dores musculares, dor de cabeça e dor nas costas.
Bastante raros, os relatos
de morte em decorrência de zika estão, geralmente, relacionados ao agravamento
do estado de saúde do paciente, já portador de outras enfermidades.
A doença tem sido associada a complicações
neurológicas, como a síndrome de Guillain-Barré, conforme relatado durante as
epidemias simultâneas de zika e dengue na Polinésia Francesa entre 2013 e 2014.
Ainda não há dados precisos
sobre o número de casos de zika vírus no Brasil, dada a dificuldade de seu
diagnóstico e verificação laboratorial do vírus no sangue dos doentes. O
Ministério da Saúde tem acompanhado as notificações das suspeitas de
microcefalia associada à doença. Somente em 2015 cerca de 4 mil casos suspeitos
da malformação ligada ao zika vírus foram computados. Desses, 404 foram
confirmados. Em 2014, o número de bebês nascidos com a malformação foi 147 - um
aumento de 83,6% dos casos. Os registros consideram que as ocorrências se devem
por infecções causadas por vários agentes, e entre eles, mas não
necessariamente, o zika vírus.
Chikungunya
As fortes dores nas
articulações, também chamadas de artralgia, são a principal manifestação
clínica de chikungunya. Essas dores podem se manifestar em todas as
articulações, principalmente nas palmas dos pés e das mãos, como dedos,
tornozelos e pulsos. Em alguns casos, a dor nas articulações é tão forte que
chega a impedir os movimentos e pode perdurar por meses depois que a febre vai
embora.
A confirmação do diagnóstico
é feita a partir da análise clínica de amostras de sangue e o tratamento contra
a febre chikungunya é sintomático, ou seja, analgésicos e antitérmicos são
indicados para aliviar os sintomas, sempre sob supervisão médica. Medidas como
beber bastante água e guardar repouso também ajudam na recuperação.
Anti-inflamatórios e até
fisioterapia podem ser indicados ao paciente se a dor nas articulações
persistir mesmo depois da febre ter cessado.
A chikungunya é considerada
mais branda do que a dengue e são muito raras as mortes que ocorrem por sua
manifestação. Os óbitos, todavia, podem ocorrem por complicações em pacientes
com doenças pré-existentes. No final de janeiro, por exemplo, um homem morreu
em Recife em decorrência de miosite aguda causado pelo vírus chikungunya.
No Brasil, em 2015 foram
registrados 20.661 casos suspeitos da doença. Desses, segundo o último boletim
epidemiológico do Ministério da Saúde, 7.823
foram confirmados e 10.420 ainda se encontram sob investigação.
Dengue
Os quatro sorotipos da
dengue (DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4) causam os mesmos sintomas, não sendo
possível distingui-los somente pelo quadro clínico. O principal sintoma da
doença é a febre alta acompanhada de fortes dores de cabeça (cefaleia). Dores
nos olhos, fadiga e intensa dor muscular e óssea também fazem parte do quadro
clássico da dengue.
Outro sintoma comum é o
rash, manchas avermelhadas predominantes no tórax e membros superiores, que
desaparecem momentaneamente sob a pressão das mãos. O rash normalmente surge a
partir do terceiro dia de febre. Diarreia, vômitos, tosse e congestão nasal
também podem estar presentes no quadro e podem comumente levar à confusão com
outras viroses.
O quadro de dengue clássico
dura de 5 a 7 dias e desaparece espontaneamente e o paciente costuma curar-se
sem sequelas.
á na ocorrência de dengue
hemorrágica a situação torna-se mais complicada. A doença, cuja ocorrência é
mais comum em pacientes que apresentam um segundo episódio de dengue, de um
sorotipo diferente do primeiro caso, causa alterações na coagulação do sangue,
inflamação difusa dos vasos sanguíneos e trombocitopenia (a queda do número de
plaquetas). Devido à queda das plaquetas e à inflamação dos vasos, os pacientes
apresentam tendência a sangramentos que não cessam espontaneamente, dor
abdominal intensa e contínua (pele fria, úmida e pegajosa; hipotensão (choque);
letargia e dificuldade respiratória (derrame pleural ou líquido nos pulmões).
Dentre as três doenças, a
dengue tem sido considerada a mais perigosa pelo número de mortes. Em 2015,
foram registrados 1.649.008 casos de dengue, dos quais 863 vieram a óbito,
segundo dados do Ministério da Saúde.
Com informações da Organização Mundial de Saúde (OMS), Ministério da
Saúde e Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) e Portal EBC.
*NM
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