Nesta quinta-feira (14)houve
muitos comentários em Santo Antônio de Jesus e região, principalmente pelas
redes sociais com respeito a um áudio vinculado via WhatsApp onde o Tenente
Valdomiro Suzart, comandante do Pelotão de Emprego Tático operacional da 27ª
Companhia Independente de Polícia Militar sediada na cidade de Cruz das Almas
declarou ter orgulho por estar no posto de comando do Pelotão de Emprego Tático
Operacional (PETO), fez vários elogios aos policiais que trabalham nesse setor
relatando que a guarnição dá ‘tesão’ a qualquer comandante e também desabafou
sobre uma situação enfrentada por muitos policiais no Estado da Bahia que acabam
sendo vitimados em confronto. Ainda no áudio o suposto policial diz ser anormal
policiais serem baleados e normal é bandido morrer, além disso salienta a
necessidade de descarregar as armas na cabeça ou no peito dos criminosos.
Acerca de suas declarações, o Tenente Suzart em entrevista explicou que pensou
alto quando comentou o assunto, assume a culpa e afirmou que não se arrepende
do que disse porque ninguém está no lugar dos policiais, só quem pode analisar
o motivo de ele ter desabafado sobre o assunto é quem está na linha de frente.
“Passei o ano de 2015 em mais de 20 combates em diversas cidades da região que
são assistidas pela 27ª CIPM, onde recebi e dei tiros, principalmente enfrentei
situações onde me encontrei ilhado sem munição com o Tenente Dalto, Subtenente
Mascarenhas e Subtenente Neto, na ocasião precisamos pedir socorro onde nesse
confronto não esperávamos nos deparar com um número de marginais que nos
deparamos numa determinada favela. Até chegar nosso socorro, usamos a própria
casa dos meliantes como fortaleza para ficar protegidos, aí eu entro o ano de
2016 com mais combates e agora no final de semana um policial nosso tomou um
tiro que estragou o carregador da pistola dele, até caiu no chão. Essa situação
se repete praticamente todo dia, a sociedade não sabe o que nós passamos na
favela invadindo manguezais, caatingas, bairros periféricos onde a população
está refém. Estamos sobre estresse, não estamos aguentando, eu saio de casa sem
a certeza de voltar, mas, Deus quis que esses valorosos homens vestisse a farda
da polícia”, declarou.
Suzart informou que quando divulgou o áudio não se
arrependeu, pois, tudo expõe seu pensamento, o qual não pode ser punido por
ninguém em virtude da liberdade de expressão concedida a todos, “e deixei bem claro,
apontou a arma para a gente, levantou, a gente tem de ‘sentar o pau’ mesmo,
porque eles atiram para derrubar o policial e quando o policial morre a
sociedade não chora, apesar de que quando isso acontece é o Estado quem está
morrendo, agora se morre um bandido de determinado bairro dominado pelo
tráfico, a sociedade fecha ruas, queima pneus, impede o trânsito, vai para o
confronto com a polícia por ter morrido um marginal que estava viciando os
filhos deles para as drogas, mas quando o policial morre não vai ninguém
visitar a família dele, nenhum membro da Comissão de Direitos Humanos vai lá
saber o que pode ser feito para agilizar a pensão”, desabafou.
Motivação das declarações:
Acerca da motivação das
declarações, o policial comentou que naquele momento estava chegando de
Salvador onde tinha passado por exames médicos a fim de passar por uma cirurgia
onde irá ser submetido a uma anestesia geral sendo que há algum tempo perdeu
sua mãe numa simples cirurgia, daí no momento em que chegou da capital baiana
para a região, houve um tiroteio com a guarnição sob seu comando, outra
apreendeu diversas drogas e pessoas num combate na cidade de Muritiba e ele
relata ter recebido várias ligações via rádio, em outra localidade, recebendo
notícias que a polícia receberia vingança e esses fatos contribuíram para seu
momento de estresse, contudo, ele revela que de nada se arrependeu, pois quando
está em combate tem apenas 1 segundo para decidir se atira ou não numa pessoa
que tenta tirar sua vida enquanto um Promotor de Justiça tem anos para analisar
se o disparo deflagrado foi certo ou errado. “Numa audiência onde um traficante
é réu por vários homicídios ele é tratado pelo nome de Senhor agora quando é um
policial, é tradado como ‘Você’. Nada contra esse pronome, porém, temos de
analisar essa situação na Justiça Brasileira. Antes não se ouvia falar em
facções criminosas no Recôncavo baiano, agora há em Nazaré das Farinhas,
Maragogipe, Valença, Salvador e temos de estar na linha de frente combatendo
crime entre facções, mas vamos continuar enxugando o gelo, a água que está
descendo do gelo, mas, é minha profissão, tenho 52 anos de idade, 31 de
polícia, transmito aos policiais o que estou sentindo nesse momento, não estou
incentivando matar, mas não posso jogar flores enquanto estão três pessoas
armadas com metralhadoras tentando me matar. Por eu ser Policial Militar, não
deixei de ser humano e por eu ser humano tenho de exercer a cidadania tendo
minha opinião própria conforme previsto na Constituição Federal, não ofendi, não
fui agressivo, injuriador, caluniador ou fiz acusações falsas. Falei de fatos,
minha profissão, estão caçando policiais e ninguém está vendo isso. A sociedade
reclama da polícia, mas, não vive sem ela quando estou perto das pessoas
fardado incomodo, porém, quando me afasto faço falta. Sou uma pessoa envolvida
com a juventude e estou vivendo diversos transtornos, sendo ameaçados, minha
filha está sendo ameaçada. Como é que um traficante manda recado para mim
dizendo que vai pegar minha filha e mandar apenas as pernas e os braços numa
bandeja? Vou ouvir isso calado? Quem vai defender minha filha sou eu. Já até
ouvi de um determinado segmento que tinha de tomar cuidado comigo próprio e
para defender minha família, visto que não poderia ser feito nada por mim,
então me armei até os dentes, me preparei, pronto, vou para o combate, já que é
guerra não vou permitir que toquem a mão na minha filha”, destacou,
acrescentando que talvez algumas pessoas maldosas que não gostem da Polícia
Militar usem suas declarações para dizer que ele estava incentivando algo,
contudo afirma ter sua mente tranquila por apenas ter expressado seu pensamento
e leva o ditado consigo: “Não gostou do que eu falei, não gostou de mim, é
problema de quem não gostou”. (Fonte: Voz da Bahia)
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