As gêmeas siamesas Maria
Clara e Maria Eduarda, de 4 meses, passam por cirurgia de separação na manhã
desta quarta-feira (9), no Hospital Materno Infantil (HMI), em Goiânia.
Nascidas em Salvador, na Bahia, as meninas são unidas pelo abdômen e
compartilham o fígado. Liderada pelo cirurgião pediátrico Zacharias Calil, a
equipe que participa da operação conta com cerca de 15 profissionais.
Participam do procedimento anestesistas, ortopedistas, médicos intensivistas,
cirurgiões plásticos, vasculares e pediátricos, enfermeiros e cardiologista. A
previsão é de que o procedimento dure cinco horas. Uma nova tecnologia
adquirida pelo hospital é usada pela primeira vez pela equipe médica. “O
aparelho controla durante a cirurgia o nível de consciência do paciente. É mais
seguro”, disse Calil ao G1. Os pais das gêmeas as trouxeram no início de julho
para a capital goiana para que a cirurgia fosse viabilizada, já que o HMI é
referência nesse tipo de procedimento. Foi constatado que Maria Eduarda possui
hipertensão arterial, por isso, ela teve que passar por tratamento antes de ser
separada da irmã. A cirurgia chegou a ser marcada para 10 de agosto, mas teve
de ser adiada devido ao risco de contaminação na Unidade de Terapia Intensiva
(UTI) Pediátrica. A unidade foi liberada para internações em 21 de agosto. As
meninas voltaram a ser hospitalizadas em 24 de agosto para tratar uma infecção
urinária em Maria Clara. Desde então, elas aguardavam a liberação de leitos de
UTI Pediátrica para a realização do procedimento. De acordo com Calil, a
expectativa é boa para a cirurgia, mas a situação renal das meninas necessita
de atenção. “Uma delas possui má formação de vasos abdominais, o que provoca
alteração na situação renal desde o nascimento”, explicou o médico. Mãe das
gêmeas, Denise Borges Oliveira está ansiosa para o procedimento. “Mesmo
compartilhando apenas o fígado, sabemos que a cirurgia é complicada. Mas
entreguei nas mãos de Deus e tenho fé que tudo irá sair como o planejado”,
disse a mulher para a assessoria de imprensa do HMI. As pacientes precisam de
doações de sangue B positivo. O Hemocentro irá ceder as bolsas de sangue que
serão usadas na cirurgia. No entanto, elas podem necessitar de mais sangue
durante o período de recuperação.
Complexidade - Apesar de
todo caso de gêmeos siameses ser complexo, Calil considera que a situação de
Maria Clara e Maria Eduarda é “mais simples do ponto de vista anatômico”, se
comparado a outros siameses, como Heitor e Arhur Brandão. Eles eram unidos pelo
tórax, abdômen e bacia, compartilhando o fígado e genitália. Após cinco anos de
preparação, os meninos passaram por cirurgia de separação em 24 de fevereiro.
Três dias após o procedimento, Arthur sofreu uma parada cardíaca e não
resistiu. Já Heitor, 6 anos, ficou três meses internado até receber alta
médica, em 27 de maio. O HMI se tornou referência nacional na separação de
gêmeos siames. A primeira cirurgia ocorreu em julho de 2000. Desde então, a
equipe do hospital acompanhou 30 casos de crianças que nasceram unidas,
realizando 13 cirurgias de separação.
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