Uma força-tarefa coordenada
pelo Ministério Público do Trabalho resgatou seis homens que trabalhavam como
escravos na construção de casas populares do Programa Nacional de Habitação
Rural (PNHR) no município de Santa Rita de Cássia, no oeste baiano. Na
operação, foi constatada a condição degradante a que eram submetidos pela Associação
Stela Dubois.
Os trabalhadores foram contratados para construir casas num
assentamento do Incra e vivam em alojamentos insalubres. Um Termo de Ajuste de
Conduta (TAC) foi assinado pela associação, através de seu presidente, Moacyr
Fontes de Brito. No documento, a associação se comprometeu a pagar as rescisões
de contrato dos operários, a assinatura de carteira de trabalho e as
indenizações por danos morais coletivos para os resgatados e para a sociedade.
Além das rescisões, que variam de R$1.872 a R$9.908, cada um dos operários
resgatados receberá indenização de R$5 mil. O diretor da associação também se
comprometeu a indenizar à sociedade em R$130 mil. A verba será revertida para o
Fundo de Promoção do Trabalho Decente (Funtrad), que foi instituído pelo
governo baiano para financiar projetos e ações em prol de melhores condições de
trabalho no estado.
A inspeção foi realizada entre os dias 17 e 21 deste mês, a
partir de uma denúncia recebida pela Gerência Regional do Trabalho e Emprego do
município de Barreiras. Os operários dormiam em alojamentos improvisados, sem
sanitários, condições mínimas de higiene nem remuneração adequada. Além disso,
eles não tinham acesso a água potável, nem a locais para armazenar e preparar
alimentos. Ainda se constatou que a Associação Stela Dubois burlou o sistema da
Caixa Econômica Federal ao atuar como empreiteira, quando o projeto se
destinava a financiar construções em regime de mutirão. Ela havia acertado com
os operários um valor a ser pago por cada casa construída, inferiores ao piso
salarial da construção civil na região.
A associação, a partir de agora, deverá
registrar em carteira os funcionários e pagar os salários até o quinto dia útil
do mês. Também deverá proporcionar melhores condições de alojamento, com água
encanada, energia elétrica, sanitários, refeitórios ou cozinha. O TAC ainda
impede a terceirização dos operários. A obra fiscalizada previa a construção de
25 casas em assentamento do Incra na Vila Pa, Beira-Rio, a cerca de 20km do
centro de Santa Rita de Cássia. A associação também não poderá contratar
pedreiros para atuar no programa de habitação rural. (BN)
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