O procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, afirmou ao STF (Supremo Tribunal Federal) que
"foram encontrados indícios de possível recebimento de propina" pelo
ministro da Educação Mendonça Filho (DEM-PE). Mendonça teria recebido R$ 100
mil em vantagem indevida, disfarçada de doação eleitoral na campanha de 2014.
Os elementos teriam surgido do celular de Walmir Pinheiro, ex-diretor
financeiro da construtora UTC, uma das empreiteiras investigadas na Lava Jato.
Também foram encontrados uma folha impressa identificando o partido Democratas
e dados bancários de uma conta para doações, além de um manuscrito de R$ 100
mil e do nome do deputado Mendonça Filho e do registro impresso do tesoureiro
do partido, Romero Azevedo. "Curioso observar que na prestação de contas
oficiai da campanha do deputado Mendonça Filho, há o registro de doação de
exatos R$ 100 mil pelas empresas Construtora Odebrecht e Queiroz Galvão, cada.
Ainda a UTC Engenaria efetuou doação de R$ 100 mil ao Diretório Nacional do DEM
no dia 5 de setembro de 2014 e outra quantia de igual valor em 5 de agosto de
2014", escreveu Janot."Assim, por estarmos diante de elementos
indiciários de possível pagamento de propina para a campanha do citado
parlamentar federal, certa e a competência dessa STF para a análise e
processamento de eventual investigação criminal a respeito", completou. A
afirmação de Janot foi feita ao STF em manifestação no dia 26 de janeiro. O
documento era sigiloso e se tornou público nesta sexta (17). Não há detalhes
sobre o desdobramento do caso, se foi aberto um inquérito.
Esse é o quarto ministro do
governo Temer envolvido em suspeitas de irregularidades a partir dos
desdobramentos da Lava Jato. Três deixaram o governo: Henrique Alves (Turismo),
Romero Jucá (Planejamento) e Fabiano Silveira (Transparência).
Outro lado
Procurada, a assessoria do
ministro informou que ele foi "procurador por interlocutores da UTC
oferecendo doação legal no valor de R$ 100 mil" e que, na ocasião, ele
respondeu que não queria a doação, "mas se a empresa quisesse doar para o
partido o fizesse". Mendonça diz, via assessoria, que a doação foi feita
de forma legal e está registrada na prestação de contas do partido do ano de
2014, junto à Justiça Eleitoral. Ressaltou que sua campanha a deputado federal
não recebeu doação da UTC.
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