Quase 18 anos depois da
explosão que matou 64 pessoas em uma fábrica clandestina de fogos, em Santo
Antônio de Jesus (a 192,7 km de Salvador), embora condenados, os cinco
responsáveis pela exploração dos trabalhadores não foram presos, nem as
famílias das vítimas foram indenizadas.
A poucos dias do São João, A TARDE
esteve no município, onde integrantes do Movimento 11 de Dezembro data
alusiva que homenageia as vítimas do acidente ocorrido em 1998 denunciam que
a produção clandestina continua, às escondidas, dentro das casas. Quem perdeu
parte da família na explosão até hoje luta contra a impunidade dos responsáveis
pelas mortes, cobra a indenização imposta pela Justiça ao Estado e à União (R$
100 mil por vítima) e tenta conscientizar a população sobre os riscos da
fabricação ilegal.
O caso chegou a ganhar repercussão internacional, o que fez
a União virar ré em ação na Organização dos Estados Americanos, em 2001, quando
a Comissão Interamericana de Direitos Humanos acolheu denúncia por
"descaso e omissão" feita pelo Movimento. Impunidade Com lágrimas nos
olhos, a presidente do Movimento, Maria Balbina dos Santos, 55, conhecida como
Dolores, fala sobre a dor de ver o tempo passar sem que tenha sido feita
justiça pela morte da única filha, Arlete Silva Santos, aos 14 anos, na fazenda
de Osvaldo Prazeres Bastos. "Entra governo, sai governo, mas nada é feito.
Os assassinos de minha filha têm dinheiro, não têm medo da Justiça. Metade das
pessoas do movimento, que perderam familiares, já morreu sem que uma
providência fosse tomada", chorou. (ATarde)
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