A manhã desta segunda-feira
(23/05) foi marcada por um rico debate na Escola Politécnica da UFBA. No
seminário “Da Salvador que temos à Salvador que queremos”, promovido pela
Fundação Maurício Grabois, as professoras e pesquisadoras Ana Fernandes (UFBA) e
Débora Nunes (UNEB) falaram sobre os principais problemas da cidade e a
necessidade de um governo conectado com a população e os movimentos sociais.
Pré-candidata à Prefeitura de Salvador, a deputada Alice Portugal participou do
evento e afirmou que está antenada às considerações das professoras e que o seu
projeto para a capital baiana será pautado nestas valiosas contribuições.
A professora Ana Fernandes
pontuou as questões que considera mais importantes para serem repensadas:
desigualdade social, política econômica, mobilidade urbana e meio ambiente.
Segundo ela, a disparidade de renda coloca Salvador entre os destaques negativos
do país. Além disso, esta desigualdade se reflete no próprio visual da cidade,
além da geografia.
Ela ponderou também que a
política voltada para o imobiliário e o entretenimento tem dificultado o
investimento em outras áreas de maior necessidade, sem contar que acaba
deixando o governo refém dos empresários dos setores.
A questão ambiental também
esteve entre os destaques, pois considerou que é gritante, principalmente com
este projeto de PDDU em debate, que prevê o desmatamento de 30 quilômetros
quadrados. Ana Fernandes apontou ainda que o ponto referente às áreas
consorciadas constante no documento já estava previsto desde quando o prefeito
assumiu a prefeitura, em 2013.
“Salvador é uma cidade
marcada pela diversidade. Então, temos que pensar em propostas inovadoras, como
a descentralização do poder. Embora saibamos que é difícil. É preciso também
ter agilidade na gestão, saber ouvir e tomar decisões”, concluiu a
pesquisadora.
Pegando o gancho da colega,
Débora Nunes afirmou que o grande problema do governo federal, de esquerda, foi
se tornar refém do modelo que vinha sendo praticado, e, para ela, as eleições
municipais são a oportunidade de mostrar que é possível fazer diferente e
apontar os caminhos para a mudança. Ela considera que, embora a política do
prefeito ACM Neto ser moderna, a gestão econômica é catastrófica. A professora
apontou ainda que o PDDU, já citado por Ana Fernandes, não prepara Salvador
para problemas ambientais em curso, uma cidade cercada pelo oceano em dois
lados. E não é mais possível ignorar isso. “Tem que ser uma tarefa de todos, de
cada ser humano.”
Segundo Débora, com a
internet e a explosão das redes sociais, não será mais possível fazer política
como antes. Com a conectividade, há uma multidão fazendo política pelas redes.
Quem quiser fazer uma política progressista, de esquerda, vai ter que se
articular com a sociedade civil, estar em sintonia ainda maior com os
movimentos sociais, principalmente os que pensam a cidade, ser capaz de
mobilizar essas pessoas. “A integração com a luta por uma sociedade justa com a
contemporaneidade da conexão é fundamental neste momento. Ninguém quer mais
caciques. Nem de esquerda nem de direita. O que o povo brasileiro quer agora é
uma política horizontal. Temos que conquistar a juventude”, alertou.
Débora comparou um governo à
natureza, que funciona sob quatro aspectos: rede (conectividade), diversidade,
aliança (horizontal) e ciclo (fluxo). Finalizou afirmando que tudo existe para
superar as crises, se adaptar à lógica das coisas, e o grande segredo é a
resiliência.
Participaram do evento
também a presidente municipal do PCdoB, Olívia Santana, o vice-presidente
municipal, o arquiteto Javier Alfaya, e outras lideranças do partido e
pré-candidatos à Câmara Municipal.
Fonte: PCdoB/BA
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