O pedido de impeachment da
presidente Dilma Rousseff não passa de uma repetição dos "mesmos
argumentos do dia seguinte às eleições", na opinião de André Ramos
Tavares, 43, professor titular de direito econômico da Universidade de São
Paulo (USP) e professor de direito constitucional na Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC-SP). Em entrevista à Folha de S. Paulo, o
especialista defendeu que o mérito do processo pode ser apreciado pelo Supremo
Tribunal Federal (STF). "Ele [o STF] pode com certeza atuar se a decisão
final pelo impeachment não tiver base substancial na Constituição. A falta de
provas leva à nulidade do processo", avaliou. "Em geral presume-se
que o cidadão é inocente, o que no caso seria a presunção de legitimidade do
governo eleito, e precisam ser produzidas provas contra ele, não ele provar sua
inocência. Abriram um processo de impeachment sem investigações, sem
provas". Contrário ao impeachment - apesar da coautoria em livro com o
advogado Ives Gandra da Silva Martins e com o ministro do Supremo Tribunal
Federal Gilmar Mendes, dois conhecidos críticos do governo -, Tavares afirmou
que um processo de impedimento baseado em mera contagem de votos dos
parlamentares não é o que está previsto na Constituição, tornando-se um golpe.
"Em primeiro lugar, se o crime ocorreu no mandato anterior, a lei não
permite que seja usado para fins de responsabilização política. Além disso, o
correto para esse tipo de situação é o julgamento pela via da prestação de
contas, em que o Tribunal de Contas da União faz análise técnica e emite
parecer opinativo. O plenário do Congresso julga as contas em seguida",
disse. Para ele, um dos fatores que leva à avaliação do processo como golpe é a
permanência do vice-presidente Michel Temer, apesar do rompimento com o governo
por parte do PMDB. "Em que lugar do mundo é possível um governo que não é
governo, um partido que rompe sem renunciar à Vice-Presidência!?". (BN)
TV WEB JC
Especialista afirma que STF pode mudar decisão do Congresso sobre impeachment
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