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Vereador sugere ao MEC queimar livros sobre gênero e diversidade sexual

Autor de um projeto de lei que defende a suspensão imediata de livros da rede municipal de ensino que abordem questões relacionadas à identidade de gênero e à diversidade sexual, o vereador Carlos Gueiros (PSB) chegou a sugerir que tais obras fossem queimadas. Ao ser questionado pelo Diario sobre o que seria feito dos livros, após serem retirados das unidades de ensino, disparou: "Ele (o MEC) pode pegar e tocar fogo, ou repassar para o estado". 

A alternativa sugerida por Gueiros lembra a Idade Média, quando a Igreja Católica ordenou que milhares de títulos fossem jogados nas fogueiras. O legislador defende que os livros possam ser utilizados pela rede estadual porque, na avaliação dele, os alunos "já têm maior discernimento sobre o assunto (sexualidade)". Autor do projeto 26/2016, o socialista conseguiu acelerar a tramitação da matéria dentro da Casa, dispensando o prazo para que os demais vereadores pudessem apresentar emendas. "Quanto mais rápido a gente decidir isso, melhor, até porque esses livros já estão sendo distribuídos". 

De acordo com ele, os livros contrariam o Plano Municipal de Educação (PME), aprovado no ano passado pelos vereadores, onde qualquer assunto relacionado a gênero foi vetado.Além de ser polêmica, a patrulha poderá causar prejuízo aos cofres públicos e também aos alunos. Caso as obras sejam retiradas, a substituição delas será arcada com recursos públicos, já que os livros são distribuídos às escolas pelo Ministério da Educação (MEC). "Eles (os vereadores) terão que responder para a sociedade se vão arcar com o prejuízo. Dinheiro não brota em árvore. Será que eles vão ressarcir a população?", questionou Cláudia Ribeiro, diretora de comunicação do Sindicato dos Professores Municipais (Simpere). 

Ela não soube dizer se os livros, caso sejam recolhidos, voltariam para o MEC ou ficariam encalhados nas unidades de ensino. Além do prejuízo financeiro, que segundo ela ainda é incalculável, o principal impacto será para os alunos da rede municipal. "Sabemos da morosidade de os recursos públicos chegarem ao destino. Então (caso o projeto seja aprovado), é muito provável que os livros substitutos demorem bastante para serem recebidos”, pontuou. A tentativa de tirar os livros das salas é um retrocesso, na avaliação dela. "O ensino da educação sexual é do ponto de vista do respeito, da garantia do debate para que se respeite as diferenças, principalmente no interior das escolas, e para que se eduque as crianças sem que elas cometam violência de gênero".

Ela ressaltou, ainda, que os livros utilizados pelas redes de ensino tratam do assunto de maneira superficial. "As obras não trazem esse tema como centralidade, justamente por conta do que foi aprovado no PME. O que existe é um texto ou outro, que ainda assim abordam o tema de maneira bem tímida". Para ela, caso seja aprovada, a medida trará um prejuízo educacional, escolar e financeiro.


Reunião: O vereador Luiz Eustáquio (Rede), que apresentou um requerimento na sessão desta terça-feira (23), exigindo que a distribuição fosse suspensa, teve um encontro na manhã desta quarta-feira (24) com o secretário de Educação do Recife, Jorge Vieira. Segundo ele, a informação repassada foi de que a secretaria não escolhe os livros para as escolas. A negociação é feita diretamente entre os diretores e o MEC. "Vou visitar escolas, conversar com os diretores e saber a razão de utilizar esses livros", disse, acrescentando: "A discussão sobre o custo (que a medida trará para os cofres públicos) ainda será feita. Agora, não se pode, por conta de um custo, inserir algo que poderá prejudicar o futuro das crianças”. (Diário de Pernambuco)

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