Apesar da preocupação geral
com relação às crianças nascidas com microcefalia devido ao surto de Zika
vírus, bebês sem alteração no perímetro cefálico também devem ser acompanhados
por especialistas.
O alerta foi feito pela neuropediatra Adriana Mattos durante
seminário realizado pela Fundação José Silveira (FJS) para discussão acerca da
relação entre o Zika e a microcefalia. "É importante que toda mãe que
tenha tido zika possa fazer um acompanhamento para saber se a criança tem
alguma dessas alterações. Existem crianças que não têm perímetro cefálico
diminuído, não têm microcefalia, mas apresentam alterações cerebrais no exame
de imagem", disse a profissional em entrevista ao Bahia Notícias.
"É
um percentual muito pequeno, não é o comum, mas é importante falar isso para
não ficar restrito apenas às crianças que têm microcefalia". Entre as
alterações comumente encontradas nos bebês, uma das principais é a presença de
problemas motores, além de hipertonia. "O tônus muscular é aumentado, o
que leva a um atraso de desenvolvimento", explicou a neuropediatra. Também
são encontrados, em exames complementares, problemas oftalmológicos e
auditivos.
Profissionais de diferentes especialidades participaram do evento
Foto: Fundação José Silveira
A presença de médicos de
diferentes especialidades e unidades de saúde da Bahia no evento não tornou os
discursos discrepantes: os sintomas presenciados são sempre similares. Alguns
profissionais sugeriram até mesmo a revisão da lei que permite aborto em casos
específicos para inclusão da microcefalia. "Se para anencéfalos é
permitido, por que não discutir o aborto de microcéfalos", argumentou um
dos presentes ao relatar a sensação de impotência frente aos casos.
De acordo com
Adriana Mattos, o que pode ser feito por essas crianças é um processo de
estimulação. "A expectativa é que [a estimulação] possa melhorar a
situação em que as crianças se encontram, mas a gente sabe que vai ter algum
grau de sequela diante dos achados que a gente vê na tomografia. A estimulação
é global. Envolve não só a parte motora, mas visão, audição, sensorial, todas
as funções cerebrais", afirmou. Como resultado do seminário, foi sugerida
a criação de um grupo de pesquisa multidisciplinar sobre microcefalia, com a
participação dos profissionais presentes.( BN)
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