A força dos ventos mudou de
vez a matriz elétrica nacional. Em 2016, as usinas eólicas, tradicionalmente
conhecidas como "fonte alternativa", entram de vez para a base do
sistema de geração do País. Ao todo, serão adicionados mais de 2,7 mil
megawatts (MW) de energia eólica ao parque elétrico, o equivalente a 36% de toda
a capacidade já instalada pelas usinas de vento do País. O volume da geração
eólica se amplia em 2017, com mais 2,9 mil MW. A expansão eólica só não será
superior em relação à fonte hidrelétrica por conta do acionamento de Belo
Monte, usina em construção no Rio Xingu, no Pará, que tem previsão de começar a
ligar suas turbinas neste primeiro trimestre. Os dados fazem parte do Plano
Anual da Operação Elétrica (PEL), relatório elaborado em dezembro pelo Operador
Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e que apresenta os projetos de expansão de
geração previstos de janeiro de 2016 a abril de 2018. A capacidade total de
energia do Brasil hoje é de 140 mil MW, dos quais 91 mil MW, ou 65%, são
retirados das usinas hidrelétricas. A segunda maior fonte, apontam os dados da
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), são as usinas movidas a gás
natural, que representam cerca de 10% de cada watt gerado no Brasil, seguidas
pela usinas a óleo e biomassa. As eólicas, que hoje acendem 5% de cada lâmpada
do País, caminham para chegar a 12% nos próximos cinco anos. "Até 2020,
seremos a segunda maior fonte de geração de energia do Brasil", diz Élbia
Gannoum, presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica
(Abeeólica). "Do ponto de vista político, este ano deverá ser péssimo, mas
não deve ter grande impacto sobre nosso setor." As eólicas não estão
imunes aos efeitos da crise econômica e política. Com cerca de 30% de seus
componentes importados, os projetos sentem os efeitos do câmbio. Com seus
projetos em leilão desde 2009, essas usinas chegaram a ter preços de
contratação inferiores a R$ 100 o megawatt-hora. No último leilão realizado,
porém, essa cifra saltou para R$ 210 o megawatt-hora. "Ainda assim, ficou
bem abaixo dos projetos de biomassa, com preço em R$ 280, e de usinas solares,
com preço na casa dos R$ 320", afirma Élbia. Concentrada no Nordeste do
País, a expansão eólica tem ajudado a garantir o abastecimento de energia em um
momento em que os principais reservatórios das hidrelétricas da região sofrem
com a pior seca dos últimos 84 anos. "Em 2015, as eólicas chegaram a gerar
30% da energia consumida no Nordeste e esse desempenho deve prosseguir neste
ano. Tem muitos parques gerando acima da expectativa", comenta o
especialista Cristopher Vlavianos, presidente da Comerc Energia. Neste ano,
serão adicionados 10,1 mil MW de energia à matriz nacional. Mais 13,9 mil MW
entrarão em operação entre janeiro de 2017 e abril de 2018. Desse total, 57%
virão das hidrelétricas, por conta das operações de Belo Monte e das usinas do Rio
Madeira (Jirau e Santo Antônio) e Teles Pires, todas instaladas na Amazônia.
Neste mesmo intervalo, as eólicas representarão 29% da expansão total, com 7
mil MW. A solar, que hoje ainda não aparece nos gráficos, vai chegar a 1,7 mil
MW e será 7% da capacidade instalada no período, mesmo volume da geração
térmica.
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