No primeiro discurso de um
papa no Congresso dos Estados Unidos hoje (24), o papa Francisco pediu aos
parlamentares que trabalhem para combater a hostilidade contra os imigrantes;
que tenham comprometimento com políticas para conter os efeitos das mudanças climáticas;
sugeriu uma ação de combate a todo tipo de fundamentalismo e o fim da pena de
morte no país.
Discursando em inglês, o
papa foi bastante aplaudido em diversos momentos. No discurso, chamou a atenção
para temas que dependem do Congresso, e que por falta de consenso entre
democratas e republicanos, não tem tido avanços. No campo da imigração, por
exemplo, está nas mãos dos parlamentares revisar a política migratória, e votar
o plano que a gestão de Barack Obama enviou ao Congresso.
A situação dos imigrantes
indocumentados - aproximadamente 11 milhões de pessoas - tem se arrastado ao
longo dos últimos governos. Obama foi reeleito com a promessa de rever as
regras de imigração, mas encontra resistência no Congresso e, pela falta de uma
resposta, o tema já está novamente no debate da pré-campanha eleitoral nos
Estados Unidos.
Neste contexto, o Papa
lembrou que todos os povos das Américas não devem ter "temer os
imigrantes" porque a maioria da população foi formada por imigrantes.
"Digo isso, como filho de imigrantes, sabendo que muitos de vocês também
são descendentes de imigrantes", afirmou.
Ele falou que a crise de
refugiados que atinge a Europa é algo sem precedentes, desde a Segunda Guerra
Mundial, e que o continente americano tem o desafio de adotar uma resposta para
o tema.
Contra fundamentalismo
Perante a plateia, composta
não só de parlamentares, mas de autoridades da Suprema Corte dos Estados
Unidos, o papa Francisco defendeu a necessidade de que o fundamentalismo
religioso seja combatido.
"Nenhuma religião é
imune às diversas formas de aberração individual ou extremismo religioso”,
destacou. E frisou: "Combater a violência praticada em nome de uma
religião, uma ideologia, ou um sistema econômico, significa proteger a
liberdade das religiões, das ideias e das pessoas".
Ao tocar no ponto da
igualdade racial, o papa citou Martin Luther King e seu sonho igualitário de
direitos iguais. Ainda lembrou a luta pelos direitos civis, pela
"liberdade na pluralidade, no lugar da exclusão".
Ele destacou os 50 anos da
marcha de Martin Luther King, saindo de Selma, feita no âmbito da luta para que
afro-americanos tivessem direitos na América. “Esse sonho continua a nos
inspirar, e estou feliz em saber que a América continua a ser para muitos a
terra dos sonhos”, disse o papa Francisco.
Com estilo sutil, ele pediu
"coragem e audácia" para que os Estados Unidos lidem com os países
com os quais têm diferenças históricas. "Quando nações que estavam em
desacordo retomam a via do diálogo, novas oportunidades se abrem para
todos", afirmou.
Ele se referiu a Cuba, país
com o qual os Estados Unidos retomaram as relações diplomáticas, mas que, para
a normalidade, depende da suspensão do embargo econômico - decisão que só pode
ser revogada mediante uma lei aprovada pelo Congresso.
Mudanças climáticas e pena
de Morte
Como já esperado o papa
Francisco chamou atenção dos congressistas e demais autoridades para o tema das
mudanças climáticas. Um tema que divide os republicanos e democratas. Os mais
conservadores não estão favoráveis à aprovação de planos que afetem a economia
do país, e têm dificultado a aprovação de programas que a gestão de Barack
Obama tenta implementar.
"Estou convencido de
que podemos fazer a diferença, e não tenho nenhuma dúvida de que os Estados
Unidos e o Congresso devem ter um papel importante”.
O papa também foi incisivo
com relação à pena de morte nos Estados Unidos, e pediu a abolição da pena. Toda
vida é sagrada", disse. “Em todos os estágios de seu
desenvolvimento", completou, em nova referência contra o aborto. (Forte na Noticia)
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