Para Alice Portugal, a
proposta afronta a Constituição Federal no seu parágrafo 5º, que versa sobre a
igualdade de tratamento a todos os cidadãos
Nesta quinta-feira (24), o
texto que define o formato de família para a garantia de direitos perante a lei
foi aprovado por 17 votos favoráveis e cinco contrários. Quatro destaques ainda
precisam ser apreciados. “Núcleo social formado a partir da união entre um
homem e uma mulher, por meio de casamento ou união estável ou ainda por
comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes”. Dessa forma, o chamado
Estatuto da Família trata de políticas públicas destinadas à “valorização da
família”. A exclusão das novas configurações familiares, como a união entre
pessoas do mesmo sexo, é alvo de protesto de parlamentares progressistas.
De acordo com a deputada
Alice Portugal (PCdoB-BA), a proposta afronta a Constituição Federal no seu
parágrafo 5º, que versa sobre a igualdade de tratamento a todos os cidadãos sem
discriminação de qualquer natureza. “É a incorporação do fundamentalismo
comportamental e religioso. Esta é uma pauta regressiva nos direitos e nos
costumes”, destacou.
O Supremo Tribunal Federal
(STF) havia aprovado por unanimidade, em 2011, que a união homoafetiva deveria
ter os mesmos direitos que as de casais heterossexuais. A deliberação da Corte,
retirando as expressões “homem” e “mulher” do Código Civil, permitiu o acesso
de casais homossexuais a direitos como adoção, inclusão como dependentes em
plano de saúde, herança, benefícios da Previdência, entre outros itens. “A
família é a base da sociedade, e não o casamento”, destacou o relator Carlos
Ayres Britto, à época.
No mesmo sentido, resolução
obrigando os cartórios do país a registrar o casamento civil e união estável
entre pessoas do mesmo sexo foi aprovada pelo Superior Tribunal de Justiça
(STJ), representando um importante avanço dos direitos homossexuais.
Durante a sessão, a deputada
Jô Moraes (PCdoB-MG), que é membro da Comissão Especial, enfatizou a posição do
partido no sentido da garantia e ampliação de direitos previstos no Código Civil
brasileiro. Para a parlamentar, o projeto "é essencialmente intolerante
diante da nova realidade, deixando excluídas das políticas públicas milhares de
pessoas que vivem juntas pela afetividade.”
Houve tentativa de encerrar
o debate e concluir a discussão dos destaques ao Estatuto da Família, por parte
da chamada Bancada Evangélica, mas foram iniciadas as votações no plenário da
Câmara dos Deputados. O regimento interno da Casa prevê que nenhuma comissão
pode votar projetos e destaques simultaneamente ao Plenário. ( Texto: Iberê Lopes/Liderança do PCdoB)
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