Uma carta está circulando na
internet e foi, supostamente, escrita pelo espírito de Cássia Eller, morta em
2001, aos 39 anos, após sofrer quatro paradas cardiácas. Segundo o jornal
Extra, o Lar de Frei Luiz, centro espírita do Rio de Janeiro, confirmou que a
carta foi psicografada no local. "Não é a primeira desse tipo que
recebemos. Já recebemos do Chorão, do Cazuza... é verdadeira. O que não é de
nosso costume é a divulgação dessas psicografias, é um assunto interno da casa,
não deveria ter vazado", disse o presidente, Wilson Pinto, ao jornal
carioca. Na carta, o suposto espírito de Cássia relata que passou no umbral e
esteve no inferno. "Se eu disser para vocês que o inferno existe,
acreditem, pois eu estava mergulhada nele, de corpo e alma, num espaço sombrio
e frio, bem interno do ser, dos pés à cabeça, sem tempo, sem luz, nem descanso e
afogava-me, a cada segundo, num oceano de matéria viscosa que roubava até minha
ilusória alegria".
Confira a suposta carta na
íntegra: "Se eu disser para vocês que o inferno existe, acreditem, pois eu
estava mergulhada nele, de corpo e alma, num espaço sombrio e frio, bem interno
do ser, dos pés à cabeça, sem tempo, sem luz, nem descanso e afogava-me, a cada
segundo, num oceano de matéria viscosa que roubava até minha ilusória alegria…
Naquele lugar não havia luz, somente nuvens cinza e chuvas com raios e trovões,
gritos estridentes e desesperados, gemidos surdos, pedidos de socorro,
lágrimas, desalento, tristeza e revolta… Preciso descrever mais as cenas
dantescas de animais que nos mastigavam e, em seguida, nos devoravam sem
consumir nossos corpos; se é que posso dizer que aquilo, que sobrou de mim, era
um corpo humano. queria fugir para bem longe dali, mas tudo em vão, quanto mais
me debatia no fluido grudento, mais me afundava e, quando alcançava, de novo, a
superfície apavorante, mãos e garras afiadas faziam-me submergir naquele
líquido pastoso e mal cheiroso.
Dragões lançavam chamas de
suas bocas sujas e nos queimavam, machucando e estilhaçando a pouca consciência
que me restava da lembrança de minha estada no corpo físico, neste planeta
azul. Guardiões das trevas olhavam atentos seus presos e vigiavam todos os
movimentos realizados naquele imenso espaço de sofrimentos, dores, lamentos,
depressões, angústias e arrependimentos tardios… O ar era ácido e provocava
convulsões diversas. Perguntava-me porque ali estava se nada fizera por merecer
tão infeliz destino, depois de ser expulsa do corpo de carne através do uso
maciço de drogas. A dúvida assaltava-me os raros momentos de raciocínio menos
desequilibrado e as crises de abstinência trancavam todas as portas que dariam
acesso à saída daquele campo de penitência de espíritos rebeldes e viciados com
eu. Os filmes de horror que assisti, quando encarnada, estariam ainda muito
distantes dos padecimentos, pânicos, pavores e temores que ficariam para sempre
registrados na minha memória mental, os piores dias que vivi até hoje, como
joguete e marionete de forças que me escravizavam o ser, debilitado, fraco,
desprovido de energias, suja, carente e chorosa. Não me lembrava do que
acontecera comigo… Quando o medo é maior que as necessidades básicas, a mente
fica encarcerada num labirinto hipnótico e "torporizante" de emoções
truncadas e desconectadas da realidade… Assemelha-se a um pesadelo sem fim,
sempre com final trágico e apavorante. Quando conseguia conciliar um pequeno tempo
de sono; era imediatamente desperta por seres que me insultavam e xingavam,
acusavam-me de suicida maldita e jogavam-me lama misturada com pedras… Insetos
e anfíbios ajudavam a traçar o perfil horrendo dos anos que passei no umbral.
Preciso escrever estas palavras para nunca mais me esquecer: "Com o
fenômeno da morte, nós não vamos para o umbral, nós já estamos no umbral quando
tentamos forjar as leis maiores da criação com nossas más intenções e
tendências viciantes". Tudo fica registrado num diário mental que traça
nosso destino futuro, no bem ou no mal. O umbral não fora criado por Deus; ele
é de autoria dos espíritos que necessitam de um autêntico e genuíno estágio
educativo em zonas inferiores, onde poderão se depurar de suas construções
aleijadas no campo dos sentimentos e dos pensamentos disformes, mal
estruturados e mal conduzidos por nossa irresponsabilidade, de mãos dadas com a
imensa ignorância que nos faz seres infelizes e distantes da tão sonhada paz de
consciência. Após alguns anos umbralinos, despertei numa tarde serena, num
campo verdejante e calmo. Não acreditava no que via, pois tudo, agora, parecia
um sonho… Percebi, ao longe, o canto de uma ave que insistia em acordar-me
daquele pesadelo no qual já me acostumava a viver; a morrer todos os dias… Seu
canto era uma música que apaziguava meu coração e aguçava meus pensamentos na
lembrança de como fui parar ali naquele campo gramado e repleto de árvores.
Consegui sentar-me na relva e ao olhar todo aquele espaço natural, deparei-me
com milhares de outros seres como eu, nas mesmas condições de debilidade moral,
usufruindo, agora, de um bem que não merecia, mas vivia ! Todos nós dormíamos e
fomos despertos com música e preces em favor de todos os presentes… A maioria
era de jovens e adultos, poucos idosos e centenas de enfermeiros que olhavam
atentos para nossos movimentos no gramado. Com seus olhos serenos, projetavam
em nós a mansidão e a paz tão esperadas por nossos corações enfermos, débeis e
carentes de atenção, de afeto e carinho. Alguém me tocava, de leve, os ombros e
chamava-me pelo nome, como se me conhecesse há muito tempo. Eu identifiquei
aquela voz e "temia" olhar para trás e confirmar minha impressão
auditiva, era Cazuza todo de branco, como lindo enfermeiro, de cabelos cortados
bem curtos e estendia suas mãos para que eu levantasse, caminhasse e
conversasse um pouco em sua companhia. Não consegui me levantar, porque uma
enxurrada de lágrimas vertia dos meus olhos, como nascente de rio descendo a
montanha das dores que trazia no peito. Meu ídolo ali estava resgatando e
cuidando de sua fã, debilitada e muito carente. Ele cantou pequena canção e
tive a capacidade de avaliar o que Deus havia reservado para aqueles que feriam
suas leis e buscavam consolo entre erros escabrosos e desconcertantes. A
misericórdia divina sempre conspira a nosso favor, nós desdenhamos do amor
divino com nossas desatenções e desequilíbrios das emoções comprometedoras, que
arranham e esmagam as mais puras sementes depositadas no ser imortal. aprendi
palavras boas ! Somente agora enxergo que sou espírito e que a vida continua e
precisa seguir o curso natural das existências, como na roda-gigante: hora
estamos aqui no alto; hora estamos aí embaixo encarnados. Daqui de cima, parece
ser mais fácil compreender porque temos de respeitar as leis e descer num corpo
físico para, igualmente, quando aí estivermos, conquistarmos, pelo trabalho no
bem, a lucidez que explica porque há a reencarnação, filha da justiça divina.
Após um tempo no campo reconfortante, fui reconduzida para um hospital onde me
recupero até hoje dos traumas e cicatrizes que criei no corpo do perispírito.
As lesões que provoquei foram muito graves, passei por várias cirurgias
espirituais e soube que minha próxima encarnação será dolorosa e expiarei asma,
deficiência mental e tuberculose. Mesmo assim, estou reunindo forças para
estudar, pois sempre guardamos, no inconsciente, todos os aprendizados
conquistados. Reencarnarei numa comunidade carente no interior do Brasil e
passarei por muitos reveses, para despertar em mim o valor da vida do espírito
na pobreza e na doença crônica. Peço orações e a caridade dos corações que já
sabem o que fazem e para onde desejam chegar. Invistam suas forças e energias
espirituais em trabalhos de auxílio ao próximo e serão, naturalmente, felizes.
Obrigada por me aceitarem como necessitada que sou!"(A Tarde)
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